Fonte: revista do biomédico- edição 71 |
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Ministério da Saúde já inclui mais seis profissões na prática da especialidade no SUS,
mas Medicina queria manter exclusividade. |
![]() A política assume um caráter multiprofissional da Acupuntura, antigo anseio de diversas categorias. O Ministério da Saúde oficializou o ato com a portaria MS 971, de 4 de maio de 2006. A nova diretriz muda paradigmas de atendimento aos usuários do SUS e a saúde passa a ser tratada com um caráter transdisciplinar.
A portaria 971 do Ministério da Saúde desagrada às instituições médicas, que alegam que a decisão representa riscos a pacientes do SUS por deixar de ser praticada só por médicos. No entanto, só em 1995 o Conselho Federal de Medicina criou resolução 1455/95 normatizando a Acupuntura para os médicos. A Biomedicina já havia disciplinado a prática da especialidade pelo biomédico desde 1986, por meio de resolução 02/86 do seu Conselho Federal, depois substituída pela resolução 02/95. Curiosamente, em 1972, pela resolução 467/72, o Conselho Federal de Medicina havia determinado que a Acupuntura não era considerada especialidade médica, mas 23 anos depois mudou de posição.
Em 2001, o Conselho Federal de Medicina tentou na Justiça Federal impedir o biomédico de exercer a Acupuntura. Mas o juízo da 21ª Vara Federal de Brasília julgou improcedente a ação (processo 2001.34.00.031798-3). Assim, é livre o exercício dessa atividade pelo profissional inscrito no Conselho Regional de Biomedicina, desde que tenha a habilitação. E agora, a Acupuntura multiprofissional faz parte do SUS.
Abrahão faz duras críticas em entrevista à CBN
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Abrahão citou o fato de existirem hoje 14 profissões na área da Saúde oferecendo atividades de qualidade. "É humanamente impossível hoje só uma profissão cuidar da saúde da população; a solução é a atuação multiprofissional", afirmou. "A ciência evolui, não dá para existir reserva de mercado. Esse é um pensamento mesquinho."
Heródoto Barbeiro citou comunicado da AMB segundo o qual a entidade adverte o risco que a população corre se for mantida a decisão do Ministério da Saúde de permitir a prática das chamadas terapias alternativas por profissionais que não sejam médicos para em seguida perguntar se a Acupuntura pode matar pessoas. "E eu pergunto disse Abrahão se existe algum caso conhecido nesse sentido? A Biomedicina exerce a Acupuntura há 20 anos. Outras profissões fazem o mesmo há muito tempo. E nunca ninguém ouviu falar de casos de óbitos."
O presidente do CRBM lembrou que o Conselho Federal de Medicina definiu em resolução de 1972 que a Acupuntura não era especialidade médica para 23 anos depois emitir outra resolução considerando a Acupuntura especialidade médica. "Ora, o que mudou nesse período?", perguntou.
"O modelo da saúde de hoje inclui só dois tipos de clientes: os do SUS e os de convênios. Os profissionais da área enfrentam problemas, inclusive os médicos. Mas isso não serve de motivo para haver uma reserva de mercado, para se criar instabilidade visando tentar alterar a política adotada pelo governo federal. Esse é um corporativismo hipócrita, doentio, que pode prejudicar a sociedade brasileira, sendo necessário mostrar o que está por trás disso", concluiu o biomédico Marco Antonio Abrahão. |